5 de abril de 2013

WALALI!

WALALI! (em português: "Boa tarde!")

Nasci em Luanda no ano de 1985. Nesse ano, organizava-se o “Jamboree em Jamba”; pensava-se a estratégia da Operação Congresso II; dactilografavam-se as Resoluções 567, 571, 574 e 577 do Conselho de Segurança das Nações Unidas; decorria o 2º congresso ordinário do MPLA com o objetivo de analisar a situação política económica e social do país dos últimos 10 anos de independência; a Universidade de Angola passava a chamar-se Universidade Agostinho Neto, em memória do primeiro presidente de Angola e primeiro reitor da universidade; a TAAG (Linhas Aéreas de Angola) iniciava as suas operações para o Brasil; Pepetela publicava o seu romance O Cão e os Caluandas; o Primeiro de Maio ganhava o Girabola, e o som dos Ouro Negro continuava a tocar no rádio dos mais saudosistas, não obstante a morte de um dos elementos do duo, no decurso desse ano.

Alheia à diferenciação destes mundos de gente grande, em 1985, eu integrava um mundo de afetos bilingue, em que o português e o umbundo encetavam o desenho daquele que iria ser o meu edifício interior.

Na realidade, a primeira língua que aprendi a falar foi umbundo. Aquela que hoje é uma língua esquecida, e na época interpretada como uma mal formação que constituía barreira à expressão era, na realidade, o meu passaporte de acesso ao mundo dos Homens reais e por isso vos saúdo, nesta primeira mensagem, em umbundo.

A Luanda desse ano não é a mesma de hoje ou de outrora e por isso, num esforço de reconstrução de mim, da minha estória, da história do país, crio este espaço de reflexão e memória, na expectativa de que os que viveram na Angola de outros tempos possam ajudar-nos a reconhecer o caminho que foi riscado; de que os que vivem na Angola de hoje queimem na pelicula da história as idiossincrasias da sua sociedade e; de que os que aspiram a viver em Angola, a compreendam.

XALIPÓ! (em português: "Adeus!")

1974


1985


2013

Ps: Perdoem alguma imprecisão que detectem.

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